Essas notas representam a porção sobre a oceanografia física. Existem ainda, duas aulas adicionais introdutórias e resumidas , que colocam tanto a oceanografia como a meteorologia no contexto das ciências exatas.
Isso é mais marcante na atmosfera, sua composição é determinada pela presença da vida.
Nos anos 1960s o químico inglês James Lovelock estava engajado pela agência espacial americana NASA na procura por vida extra-terrestre, particularmente em Marte e Vênus. Ao reparar nas grandes diferenças entre a composição da atmosfera da Terra e desses dois planetas - e em particular o fato das atmosferas em Vênus e Marte estarem em equilíbrio estático e a da Terra em equilíbrio dinâmico, que sem a presença de vida se tornaria imediatamente uma atmosfera em equilíbrio estático - ele e um microbiologista americano chamado Lynn Margulis, desenvolveram o conceito ou hipótese de gaia. Nela eles apontaram para o fato de que a presença da vida tem tido conseqüências no planeta como um todo. O desenvolvimento das florestas, por exemplo, reduz consideravelmente o albedo (a reflectividade da superfície terrestre). Como resultado, a Terra tem uma temperatura de vários graus a mais que teria sem a presença de vida. A hipótese de Gaia diz que o planeta Terra é um organismo vivo e que os oceanos, massas terrestres, ar e distintas formas de vida são seus órgãos.
Quer aceitando a hipótese de gaia ou não, na sua formulação extrema, sem dúvidas estamos lidando com uma hipótese científica aqui, que pode se manter contra as várias tentativas de torná-la uma "religião da nova era". Permanece o fato de que a Terra, como é hoje, é determinada no seu estado físico (a distribuição da água e gelo, a composição da atmosfera, o intemperismo das rochas e muito mais) pela presença da vida.
A ciência moderna tem sido bastante feliz em explicar a Terra pela divisão em compartimentos que podem ser estudados separadamente. Ainda não estamos cientificamente bem equipados para estudar a Terra como um organismo complexo e único. Esta maneira "ocidental" de analisar e entender o planeta é também refletida na estrutura das línguas ocidentais, que compõe sentenças através de relações sujeito-objeto que sempre estabelecem uma hierarquia mestre-escravo. Uma sentença como : "O engenheiro melhora o ambiente" diz que existe um ambiente, de que o engenheiro não faz parte; ele é o mestre do ambiente. Outras culturas não dividem o planeta em compartimentos, e a suas línguas descrevem o mundo de uma maneira totalmente diferente. Existem vários exemplos de linguagens dos nativos americanos que não se utilizam do conceito sujeito e objeto, ou como os Australianos aborígenes dizem: "Nós somos a terra e a terra é nós." Eles expressam a visão que a divisão do mundo em compartimentos faz com que a visão de interações importantes entre as várias seja perdida."esferas."
Tenha em mente que a meteorologia e a oceanografia estudam apenas dois compartimentos de um sistema com vários outros componentes interativos vivos e não vivos e que estudar processos através da meteorologia e da oceanografia é apenas uma maneira de estudar o mundo. Todavia, o sucesso da ciência ocidental em explicar como o mundo físico funciona não deve ser menosprezado, e nós iremos seguir esses métodos.
Com esse requisito , vamos prosseguir no estudo dos processos físicos na natureza e observar três exemplos: convecção, vórtices e ondas.
A convecção ocorre quando esta condição de estabilidade não é satisfeita. A instabilidade se estabelece quando a densidade de um fluído é maior no topo que no fundo. A parte mais leve (menos densa) do fluído tende a subir, e a parte mais densa (ou pesada) tende a afundar, até que a estabilidade seja novamente alcançada. O movimento total resultante é chamado de convecção.
A convecção representa um balanço de forças entre a gravidade e a fricção. Uma terceira força se faz necessária para estabelecer a instabilidade inicial. As escalas de tempo e de espaço da convecção dependem da viscosidade do fluído. Os exemplos dados nas figura mostram a convecção na "terra sólida", atmosfera and oceano.
Na atmosfera e no oceano vórtices podem ser formados em ventos ou em correntes, devido a uma interação específica que acontece quando o fluído se move na mesma direção mais em velocidades diferentes em pontos distintos (isso em inglês é denominado de shear, e em português chamamos de cisalhamento). A viscosidade bem maior da terra "sólida" geralmente previne a formação de vórtices mesmo quando existe este tipo de interação no movimento da crosta ou do manto. No caso da terra sólida o que se observa normalmente é o que chamamos de dobramento (em inglês chamado de folding).
Quando estudarmos ondas haverá bastante espaço para estudarmos a interação dessas forças em detalhe.
Nesse estágio, usaremos as ondas como um outro exemplo para ilustrar mais uma vez que a terra "sólida", a atmosfera e o oceano são três tipos distintos de fluídos em movimento.
Existem várias maneiras pelas quais as ondas podem ser formadas. Os exemplos mostrados nas figuras representam balanços distintos entre forças. O que eles têm em comum é que suas propriedades podem ser compreendidas e seus comportamentos podem ser preditos com base nas leis da física.
As atividades humanas não podem anular as leis da natureza. O manejo ambiental ativo tem de ser baseado nessas leis, e não pode ser alcançado com sucesso opondo-se as mesmas.
Manejo ambiental responsável deve levar em conta vários fatores, incluindo considerações econômicas, sociais e históricas, mas ele não pode ignorar as leis da física.
© 1996 - 2000 M. Tomczak. Last updated 21/7/2000
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