A oceanografia física estuda todas as formas de movimento dos oceanos. Ela relaciona observações de movimento com as leis da física (como por exemplo a Lei de Newton que diz que se uma força F atua em um corpo de massa m, esse corpo adquire uma aceleração a de forma que F = m a ).
O sistema de ventos dominantes é a maior força motriz para as correntes oceânicas. A Figura 2.1 mostra que em regiões de mar aberto os ventos são aproximadamente zonais (quer dizer, sopram na direção leste-oeste). Os Ventos Alíseos (em inglês Trade Winds) são ventos de leste nas regiões tropicais e subtropicais (entre 30°N e 30°S). Essas são regiões em que as condições de ventos são extremamente uniformes, e onde o vento sopra de uma mesma direção com intensidade moderada durante quase todo o ano. No inverno, a intensidade aumenta um pouco. Os ventos alíseos de cada hemisfério estão separados pelos Doldrums, uma região de ventos fracos e bastante variáveis próximo a 5°N.
Entre 30° e 65° estão os predominantes de oeste (em inglês Westerlies). Eles são mais fortes no inverno que no verão e são regiões onde tempestades ocorrem freqüentemente. Em direção ao pólos e desde 65° a direção dos ventos inverte novamente, com os Polares de Leste (em inglês Polar Easterlies) soprando de leste para oeste.
Próximo aos continentes ocorrem desvios dessa direção zonal dos ventos. Isso é particularmente notado nas costas lestes dos oceanos nos trópicos e regiões subtropicais, aonde o vento sopra paralelo à costa em direção ao equador>.
A configuração atual da distribuição entre terra e água determina a resposta dos oceanos aos ventos. Ela define as principais subdivisões do oceano global, os oceanos Pacífico, ndico e Atlântico. A suas porções em torno da Antártica é também conhecida como Southern Ocean.
A Figura 2.2 mostra um mapa das correntes superficiais. A ação combinada dos ventos alíseos e dos predominantes de oeste produzem grandes giros, que circulam em sentido horário no hemisfério norte, e sentido anti-horário no hemisfério sul, que são conhecidos como os giros subtropicais. Um giro subpolar é produzido no oceano Pacífico pela ação combinada entre os predominantes de oeste e os polares de leste. Esse giro corresponde as correntes de Oyashio, do Pacífico Norte e do Alasca. Uma indicação de um giro subpolar é também observado no oceano Atlântico Norte (uma rotação em sentido anti-horário que consiste nas Correntes do Atlântico Norte, do Leste da Groenlândia e do Labrador). O giro subpolar no hemisfério sul não tem barreiras formadas por continentes, e desta forma, é dominado pela Corrente Circumpolar Antártica.
Nota: a convenção usada para se indicar a direção das correntes oceâncicas é diferente daquela usada para a direção dos ventos. Para correntes usamos a direção que ela vai e para os ventos, a direção da onde eles vêm. Um vento "oeste" (em inglês westerly wind) é aquele que sopra de oeste e vai para leste, já uma corrente "oeste" (em inglês westward current) é uma corrente que flui em direção à oeste. Isso pode causar confusão para aquelas pessoas que raramente vão ao mar; mas é facilmente compreendido e lembrado se relacionarmos essas direções com as nossas experiências práticas com ventos ou correntes oceânicas. Em terra, é importante que se saiba da onde o vento está vindo, já que qualquer construção feita em locais que necessitam proteção do vento, tem de estar voltadas para a direção dos ventos predominantes. No mar, é mais importante se saber para onde as correntes estão indo: um navio exposto a uma corrente deve manter seu curso e também desviar de obstáculos que podem estar localizados dentro da rota alterada. . (M. Tomczak and J. S. Godfrey: Regional Oceanography: an Introduction. Pergamon, New York (1994), 422 pp.) Então lembre-se: westerly significa vindo do oeste, e westward significa em direção à oeste. |
Uma feição importante de ser notada é a que ocorre com as correntes que fluem nas costas oestes das bacias oceânicas. Essas seguem a regra geral de ser muito mais estreitas e mais fortes que as demais correntes oceânicas. As velocidades de corrente típicas de superfície são 0.2 - 0.5 m s-1 (cerca de 1 km h-1). Em correntes de borda oeste as velocidades são próximas a 2 m s-1 (cerca de 7 km h-1). As diferenças em velocidade de corrente não aparecem claramente na maioria dos mapas de correntes superficiais.
O oceano ndico é dominado por uma reversão sazonal na direção dos ventos (as Monções) e o mesmo tipo de reversão ocorre nas correntes de superfície. A Figura 2.2 mostra a situação durante a estação da Monção de Sudoeste quando a Contra-Corrente Equatorial é suprimida e o oceano ndico norte se torna significativamente diferente das outras bacias oceânicas.
Assim como o que ocorre com a atmosfera, aonde os sistemas de ventos estão ligados a padrões de distribuição das pressões atmosféricas, as correntes oceânicas estão ligadas á padrões de pressão no oceano. A pressão em qualquer profundidade no oceano é determinada pelo peso de água acima, que é uma função da densidade da água do mar, que por sua vez depende de sua temperatura e salinidade. Com isso, podemos estimar correntes oceânicas através de medidas de temperatura e de salinidade, um trabalho bem mais fácil do que medir correntes diretamente. É portanto apropriado levar nossa discussão em direção as propriedades básicas da água do mar antes de continuarmos a discussão sobre a circulação oceânica e as leis físicas que as governam. Essa é o assunto da próxima aula.
contact address: